CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM MEIO A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL

12/06/2020 19:47

Maria Angela Gomes*

 

Desde a descoberta do novo corona vírus medidas de distanciamento social têm sido adotadas, mostrando-se indispensáveis para o momento. Não há dúvidas da eficácia do isolamento, todavia, ele trouxe um grave efeito colateral: o aumento das ocorrências de feminicídio e violência doméstica contra mulheres, meninas e jovens. Os números não cresceram só no Brasil, mas em diversos países, como é o caso da Alemanha, Canadá, França, Reino Unido, China, Estados Unidos entre outros. Trata-se, portanto, de um problema global, sendo assim, um problema também embasado em estruturas ideológicas que precisam ser combatidas, por isso, um problema da educação. Além do que crianças e adolescentes fazem parte do núcleo familiar em que as mulheres agredidas estão inseridas, sofrendo sérios danos psicológicos e físicos.

 

O combate à violência faz parte da ideologia de uma boa educação, baseada em preceitos éticos e morais. No entanto, é preciso trabalhar com a realidade, que nem sempre corresponde às expectativas, ou seja, nem sempre o professor vai ensinar os sinônimos de uma família harmônica para um aluno que possui uma família harmônica. Muitas vezes os alunos chegam à sala de aula com bagagens, infelizmente, negativas em suas vivências familiares.

 

A violência contra a mulher, como dito anteriormente, vêm acompanhada da violência contra crianças e adolescentes inseridos no mesmo núcleo familiar, seja ela física ou não, todos são afetados. O papel da escola é fundamental no processo de acompanhamento e percepção desses casos, porém, em tempos de isolamento social, essa ajuda não se faz presente da mesma maneira. Nesse sentido todo cuidado é pouco para que esses jovens, que sofrem com a violência doméstica, não se sintam a mercê da sociedade, desamparados.

 

Para proteção desses estudantes todas as estruturas sociais precisam ser levadas em conta para esse assunto, o que quero dizer é que nas aulas on-line o professor pode ficar atento para qualquer gesto que indique um pedido de ajuda. Porém, nem sempre, alunos que sofrem com a violência doméstica tem acesso às aulas por vídeo em tempo real, e nesses casos é de extrema importância que os vizinhos façam sua parte denunciando, o que pode ser feito através do número 100 (lembrando que a denuncia é anônima).

 

Agora, o combate a violência doméstica já é um assunto que precisa ser debatido e dialogado nas diversas vertentes da sociedade. A escola não está à parte, e é justamente através dela que podemos combater o machismo, as ideias preconceituosas, o bullying, ou qualquer outra forma de violência. A violência nunca é justificada, mas um dia ela foi enraizada em nossa sociedade e precisamos lutar para combatê-la, mesmo consciente de que muitos de nós, infelizmente, ainda vivemos em meio a ela.

 

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